22 de out. de 2012

Vendas de caminhões começam a ser retomadas

Com a taxa de Finame abaixo da inflação, mercado mostra sinais de recuperação em outubro

Com a chegada da nova motorização Euro 5 em janeiro de 2012, dois fatos se destacaram no mercado de caminhões do Brasil. Uma delas foi a dúvida do setor com relação à preparação dos postos de combustíveis em atender os novos caminhões com o diesel S-50 e o fluido Arla 32, ambos necessários para os veículos. Outra questão foi a extrema cautela de frotistas e autônomos, que anteciparam a renovação da frota comprando modelos com tecnologia Euro 3 no primeiro trimestre (período permitido por lei). Consequentemente, esse ambiente gerou queda nas vendas. Mas o governo federal não ficou assistindo, e reagiu com medidas como a adoção de uma taxa de 2,5% ao ano para o Finame, que começa a mostrar seus resultados agora, em meados de outubro.

De acordo com o balanço parcial da Fenabrave (entidade que reúne concessionários de todo o País), as vendas de caminhões na 1ª metade de outubro já reagiram, com uma alta de 12% na comparação com igual período do mês de setembro. Foram registradas neste mês as vendas de 5.666 unidades, 615 a mais do que no período anterior.

Apesar dos sinais positivos, a retomada das compras pode esbarrar por um detalhe importante que é fruto do cenário pessimista de baixas vendas: como a queda ao longo de 2012 forçou as fabricantes a reduzirem a produção, podem ocorrer eventuais faltas de caminhões em alguns segmentos.

Para Ricardo Alouche, diretor de Vendas, Marketing e Pós-Vendas da MAN Latin America, isto ocorrerá porque, como a indústria se adaptou à demanda do mercado, caso a recuperação aconteça, alguns modelos poderão entrar em "listas de espera": "A produção não retoma na mesma velocidade das vendas. Hoje não falta produto, mas até o mês de dezembro pode faltar, principalmente em alguns setores específicos", afirmou o executivo. "O segmento de extrapesados tem apresentado uma recuperação mais rápida. Não posso dizer que irá faltar, mas reagiu mais rápido. Se este ritmo de venda continuar, provavelmente vamos sentir escassez de produto", comentou. 

Para a Iveco, a reação no segmento de extrapesados já pautou a produção para o ano que vem: "Muitos clientes do segmento de caminhões pesados e extrapesados não haviam feito sua programação de renovação de frota, e agora com essa taxa de 2,5% vieram com força às compras. Com isso, os estoques e a produção rapidamente foram negociados e alguns modelos só têm previsão de entrega em janeiro ou fevereiro", fala o diretor comercial da fabricante, Alcides Cavalcanti.

Roberto Leoncini, diretor-geral da Scania do Brasil, comemora a iniciativa da União em adotar uma taxa de Finame abaixo do índice da inflação: "O governo demonstra estar atento à situação do segmento. Acreditamos que as vendas do setor devem reagir positivamente mediante os esforços em cortar impostos e oferecer empréstimos subsidiados", comentou o executivo.

O Banco Mercedes-Benz registrou na última semana de setembro um aumento no número de entradas de financiamentos, que quase quadriplicaram após a entrada em vigor da taxa de 2,5%. A concessionária Tietê, que comercializa veículos da MAN Latin America, também revelou uma expectativa positiva em função do crédito mais leve ao consumidor e da antecipação de compras de 2013.

Marcel Bueno, supervisor de Marketing e Vendas da Ford Caminhões, acredita que a alta e o aumento das vendas podem demorar um pouco para mostrar seus resultados efetivos. "Quando o governo anunciou o Finame novo, ficamos praticamente três semanas sem as regras serem aplicadas até os bancos operacionalizarem com a nova taxa, que começou no final de setembro. Além disso, um caminhão demora para ser emplacado: primeiro, ele sai da montadora inacabado, vai para a implementadora e aí então para o emplacamento. É um período de 30, 45 dias, para ele aparecer como emplacado. E isto gera um atraso para que nós possamos ver alterações na indústria", explica Bueno.

A expectativa de todos os executivos das fabricantes é a prorrogação da taxa de 2,5% ao ano: "Hoje, trabalhamos com a taxa até dezembro. Sempre contamos que o governo olha o segmento de perto, e que se o mercado ainda precisar deste incentivo de taxa, acreditamos que o governo mantenha o Finame no patamar atual, pois ele é responsável por 85% a 90% dos negócios", afirmou Marcel Bueno, da Ford.

Menos otimismo para os implementos

De janeiro a setembro deste ano, as empresas produtoras de implementos rodoviários venderam 119.397 unidades, 17% a menos do que no mesmo período do ano passado. Em 2011, de janeiro a setembro foram vendidos 143.715 implementos.

Das 15 faixas de produtos analisadas pela Anfir (Associação dos fabricantes de implementos) no segmento Pesado (reboque e semirreboque), somente uma - a Carrega Tudo - registrou desempenho positivo. Há casos de queda de 0,1% (baú frigorifico) a 31% (soma dos três modelos de tanques: carbono, inox e alumínio). No total, o segmento Pesado registrou 38 mil unidades vendidas de janeiro a setembro, o que representa queda de 16% ante o mesmo período do ano passado.

No segmento Leve (carroceria sobre chassis), todas as sete faixas de produtos analisadas estão em queda. A menor redução está registrada em tanque (3,6%) e a maior em baú lonado (32,76%). No total, de janeiro a setembro foram comercializadas 81.397 unidades do segmento Leve, o que representa redução de mercado de 17% sobre o mesmo volume apurado no ano passado. 

"A retomada do mercado poderá acontecer já em outubro, porém é cedo ainda para prever quais as primeiras linhas de produto que responderão positivamente," diz Mario Rinaldi, diretor executivo da Anfir. "A taxa de juros de 2,5% ao ano é muito importante, porém o setor depende do aquecimento da atividade industrial, além de outros setores da economia", explica Alcides Braga, presidente da associação.

“icaminhões”

Nenhum comentário: